A Igreja tema da postagem de hoje, fica no alto de uma vasta escadaria, na Rua da Praia (atual rua dos Andradas), no centro de Porto Alegre, bem em frente a alguns quartéis do Exército, entre eles a sede do Comando Militar do Sul.
É uma igreja de Nossa Senhora das Dores é uma edificação centenária, construída por escravos. O caso é que dois séculos atrás o lugar bem em frente à igreja era o Largo da Forca, o lugar onde eram feitas as execuções dos condenados à morte. Exatamente onde era o cadafalso hoje tem uma pequena rua que separa dois quartéis, cujos soldados talvez nem saibam que á sombra daquelas árvores frondosas de hoje, há tempos remotos abrigava a forca municipal, que era bem ativa durante o século 19.
Populares afirmam que na região pode-se avistar frequentemente estranhas sombras e vulto, fantasmas e pode-se ouvir gemidos. Tem até as aparições de um escravo que foi injustamente acusado de roubar um colar da santa no altar enquanto trabalhava numa das torres, e que pouco antes de ser enforcado lançou uma maldição contra o lugar, a igreja e especialmente contra aquela torre da igreja, que seis meses depois desabou e teve de ser reconstruída.
O lugar realmente tem manifestações espectrais ocasionais, mas impressionantes. Muita injustiça aconteceu naquele Largo da Forca.
A maldição do Escravo
A construção da Igreja levou muito tempo para ser concluída, fato que populares afirmam estar relacionada a maldição conjurada por um escravo condenado a morte por supostamente ter roubado um colar do altar.
Segundo a lenda antes de morrer o escravo teria dito o seguinte: "Vou morrer porque sou escravo, mas sou inocente e a prova disso é que as torres da igreja hão de cair três vezes e nunca ficarão completamente prontas".
Os escravos foram a principal mão de obra da igreja, e eles em particular temeram a suposta maldição, o que teria contribuído para os atrasos da obra. Contudo, o historiador Sérgio da Costa Franco alega que a história sobre a maldição é falsa, e a condenação do dito escravo ocorreu em virtude de um assassinato.
Construção da Igreja
É a igreja mais antiga da cidade ainda existente, tendo sua pedra fundamental lançada em 2 de fevereiro de 1807. Em meados de 1813 já estava concluída a capela-mor, e em 23 de junho deste ano foi trasladada a imagem de Nossa Senhora das Dores da antiga Matriz até a sua nova casa.
O corpo do edifício até 1846 estava ainda limitado à capela-mor, quando o Luís Alves de Lima e Silva destinou-lhe quatro contos de réis para início da construção da nave. Com as paredes erguidas por volta de 1857, João do Couto e Silva instalou o telhado e terminou a fachada (ainda sem revestimento) e a abóbada, terminando esta etapa em 1860. Como o projeto inicial fora alterado, uma comissão foi constituída em 1863 para realizar as necessárias correções, supervisionadas por Luiz Vieira Ferreira e concluídas em 1866. O templo foi então consagrado em 10 de maio de 1868 por Dom Sebastião Dias Laranjeira. A escadaria monumental defronte só seria terminada em 1873, sendo que o acesso anteriormente se dava pela rua Riachuelo, atrás da igreja.
Até o fim do século XIX o edifício não recebera revestimento nem possuía torres, e então a comunidade reuniu forças para os arremates necessários. O projeto original em estilo barroco colonial, já desfigurado, foi definitivamente abandonado, e encomendou-se um novo do arquiteto Júlio Weise, que traçou uma fachada em estilo eclético com influência germânica, onde se incluíram três esculturas do artista João Vicente Friedrichs, representando a Fé, a Esperança e a Caridade, mais um frontão em baixo-relevo.
As obras só foram terminadas em 1904.
terça-feira, 10 de março de 2015
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