domingo, 8 de março de 2015

Mutilação de gado: um dos maiores mistérios

Nos últimos anos um estranho fenômeno tem tomado conta de parte da comunidade científica e de grupos de ufólogos. Trata-se da chamada mutilação de gado, por vezes conhecida como excisão bovina, que é a morte devido à mutilação de bois, vacas, ovelhas e cavalos sob circunstâncias ainda desconhecidas. Este fenômeno é caracterizado por elementos inexplicáveis, como a precisão da mutilação cirúrgica, a drenagem total de sangue do animal, a eliminação de certos órgãos internos e órgãos genitais. Desde o momento em que os relatos de mutilações de supostos animais começaram, as causas têm sido atribuídas diversas vezes à decomposição natural, predadores naturais, extraterrestres, agências secretas governamentais ou militares, e cultos satânicos.

O fato é que a mutilação de gado acontece com frequência desde a década de 1970 e assusta produtores das áreas afetadas. O caso ganhou um espaço tão grande que fez o governo dos Estados Unidos tentarem investigar as causas por duas vezes, enquanto programas de TV também especulam os acontecimentos. Muitas vezes as fotos são chocantes!



Alguns apontamentos sobre os ocorridos...
1. Os primeiros casos de mutilação de gado, conforme conhecemos hoje em dia, foram relatados pela primeira vez na história por Charles Fort, na Inglaterra, entre o final do século 19 e início do século 20;

2. Os primeiros relatos de mutilação do gado nos Estados Unidos ocorreram no início dos anos 60. O fenômeno ficou praticamente restrito às pequenas comunidades rurais até 1967, quando um pequeno jornal do estado de Colorado publicou a curiosa história de um cavalo mutilado em circunstâncias misteriosas. Além de ter sido o primeiro caso midiático naquele país, foi o primeiro a estar associado a seres extraterrestres;

3. Este “primeiro caso” de mutilação assustou a opinião pública americana: cortes precisos, ossos limpos, nenhuma gota de sangue no pasto e, de acordo com as testemunhas, havia um forte cheiro de amônia no ar. Alguns metros de distância havia um pedaço de carne de cavalo com um suposto líquido verde de queimou a mão da proprietária do cavalo. Um pouco mais distante, já na floresta, havia mato pisoteado e galhos quebrados nas árvores;

4. Dois dias depois, a Defesa Civil da localidade foi até a fazenda e descobriu que os níveis de radiação estavam bem altos na trilha entre os restos do cavalo mutilado até determinado ponto da floresta. Neste meio tempo, dois pôneis morreram com câncer – provavelmente vítimas da exposição à radioatividade;

5. A publicação nacional deste ocorrido nos Estados Unidos fez com que outras pessoas contactassem a imprensa relatando fatos parecidos que haviam acontecido entre 1955 até a presente data, no caso 1968. As pessoas não deram importância porque pensaram se tratar de ladrões de carne bovina, que poderiam atacar determinadas propriedades durante a madrugada;

6. A mutilação de gado ganhou maior notoriedade ufológica quando, em 1968, Charles Bennett, juiz da corte superior do estado do Colorado, afirmou ter visto três discos alaranjados no céu, próximo à data do ocorrido na primeira fazenda. Isso causou enorme espanto, uma vez que o relato vinha de um indivíduo que poderia pôr tudo a perder em depoimentos farsantes e inventivos. Isso fez aumentar ainda mais a sede ufológica nos relatos de mutilação no campo.

7. Casos parecidos começaram a ser investigados por ufólogos, biólogos, zoólogos e veterinários. Um grupo de veterinários do Colorado começou a estudar os corpos encontrados no campo e notou uma semelhança: falta de cérebro, órgãos abdominais e sexuais além do material da coluna vertebral. Entretanto, outro grupo de veterinários apontou que alguns cavalos sofriam de infecção generalizada e que, ao que tudo indica, as mortes eram causadas por sacrifício para diminuir o sofrimento animal e, portanto, usavam isso como ferramenta midiática da febre nascente naquela época;

8. Apesar do grande ceticismo dos profissionais quanto à mutilação do gado nas fazendas do Colorado e do Texas já em meados dos anos 70, os proprietários dos animais mortos e testemunhas permaneciam crédulas esperando respostas por conta de uma série de fatores: cortes cirúrgicos, falta de sangue nos locais, aumento da radiação no solo, doenças nos demais animais, forte odor de material químico etc.



Acontecimentos posteriores...
A partir dos anos 70 e durante a década de 80, mutilações de gado foram registradas em quinze estados norte-americanos e em alguns países, como a França e o México. Em 1975, preocupado com a situação, o então senador Floyd Haskell pediu uma investigação ao FBI, uma vez que ele mesmo documentou pelo menos 135 casos no Colorado. Ao longo das décadas tudo permaneceu no território nebuloso da especulação, entre a crença e o ceticismo absoluto.

Em 1998, no estado de São Paulo, a imprensa ficou chocada ao relatar o primeiro caso de mutilação misteriosa em um ser humano. O corpo foi encontrado da mesma forma que o gado dos anos 80: cortes cirúrgicos, faltando alguns órgãos, forte cheiro de produtos químicos no ar etc. Em 2000, o mesmo aconteceu a uma pessoa na Bulgária. Por fim, em 2002, mais de 200 cabras foram encontradas mutiladas em fazendas na Indonésia.

O gigantismo que a mutilação de gado começava a tomar aumentou a preocupação de cientistas que ainda permaneciam céticos; não eram possíveis tantas mortes em apenas poucas noites em um determinado período de tempo sem nenhum tipo de invenstigação mais séria. Enquanto isso, ufólogos permaneciam dizendo que havia a atuação de seres de outro planeta nesta empreitada.

Características das mutilações...
1. Nos casos relatados, os ferimentos foram realizados através de cortes bem precisos e cirúrgicos. Outro ponto controverso é a falta de sangue nos corpos e no local do crime;

2. George Onet, veterinário, professor universitário e pesquisador de casos de mutilações de gado descobriu que grandes predadores tendem a evitar comer a carne de animais mutilados. Ele coordenou pesquisas que tentou dar a carne de vítimas mutiladas a lobos, chacais, coiotes, gambás, raposas texugos e cães; em geral, além de rejeitarem a carne, o comportamento dos animais muda visivelmente;

3. Segundo um relatório de 1975 do FBI, dentro dos casos documentados de mutilações, houve: 14% de remoções de olhos, 33% de língua, 74% de órgãos sexuais, 48% de intestinos. Outra pesquisa realizada nos anos 80 alterou esta porcentagem: 59% de remoções de olhos, 42% de língua, 85% de órgãos sexuais e 76% dos intestinos. Além disso, em 90% dos casos os animais mortos tinham, em média, cinco anos de idade;

4. Em grande parte dos relatos, as mutilações ocorriam rapidamente, com espaço de tempo muito curto entre a última pessoa que viu o bicho vivo até encontrarem-no morto. Em geral, o tempo médio era de uma hora e meia. Especialistas em medicina legal explicam que a morte se dá por um objeto grande (foice ou facão) e os cortes cirúrgicos com instrumentos mais delicados;

5. Poucas vezes os responsáveis pelas mutilações deixam rastros ou pistas, como ocorreu no primeiro caso documentado, em 1967. Nos anos 70, em duas fazendas no Novo México, foram encontradas marcas de tripé (com distância de 30 centímetros de um ponto a outro) próximas aos corpos de oito vacas mutiladas.



Relatórios científicos e laboratoriais...
A pesquisa tem se tornado sistemática nos corpos dos animais mutilados. Relatórios apontam resultados cada vez mais misteriosos, como níveis muito baixos de vitaminas e minerais, ou a presença de produtos químicos que, geralmente, não aparecem em animais. Entretanto, essas anomalias variam de caso para caso, de região para região. No momento, parece haver certa concordância entre os resultados descobertos; há ceticismo e há excesso de determinados credos.

O que se tem de certeza é que a qualidade dos cortes cirúrgicos aponta que não há relação com morte por conta de predadores naturais. Lobos e raposas não matam o gado e fazem cortes quadrados, seguindo padrões, e retirando órgãos específicos – e ainda sem deixar nenhuma sujeira no local do ocorrido. No entanto, após décadas de estudos científicos rigorosos em laboratórios de todo planeta, os cientistas já repararam que os animais encontrados, geralmente, têm níveis extremamente anormais para zinco, potássio e fósforo, além do clássico odor de amônia nos corpos. Outra constante descoberta é a anticoagulação do resto de sangue no animal, além de uma preservação absurda, demorando cinco dias para começar a se decompor.

Apontamentos sobre as explicações convencionais...
1. Depois de ser duramente pressionado pela opinião pública, em 1978 o governo norte-americano liberou que o FBI investigasse os estranhos casos, que ganhou o título “Operação mutilação”. A investigação contou com orçamento inicial de 44 mil dólares e ocorreu sob a chefia de Kenneth Rommel, contando com cinco objetivos principais: (a) determinar a confiabilidade das informações e coletar o máximo possível de testemunhos nos locais dos ocorridos, (b) determinar as possíveis causas das mutilações, (c) determinar se as mortes são passíveis de punição pelas leis americanas, (d) descobrir um meio de como lidar com o problema, caso seja um fato real, (e) se não for um problema para autoridades do judiciário, recomendar qual o melhor caminho científico para lidar com o problema.

2. O relatório final contou com 297 páginas e hoje é considerado muito básico e superficial, uma vez que aponta a mutilação de gado como um fato natural, decorrido de predadores naturais – como lobos, raposas e cães selvagens. Atualmente, especialistas de vários níveis e áreas concordam que houve certa má vontade da equipe do FBI em realizar investigações mais contundentes naquela época;

3. Mais recentemente, no início dos anos 90, uma investigação estadual patrocinada pelo governo do Novo México apontou que os animais mutilados tomaram tranquilizante e havia altos níveis de substâncias anticoagulantes em seus corpos. Também aponta o documento que as técnicas de corte foram se tornando cada vez mais precisas e cirúrgicas ao longo dos anos. Entretanto, é um documento que não chega a conclusão nenhuma sobre a causa dos ocorridos.

4. Alguns especialistas apontam que a causa da morte do gado possa ser natural, através de doenças transmitidas por moscas varejeiras. Quando mortos, os animais ficam suscetíveis aos predadores terrestres. Entretanto, esta explicação esbarra em diversos fatores: aumento na radiação, cortes cirúrgicos dos corpos, recusa dos animais de comerem a carne;

5. A explicação natural para os supostos cortes cirúrgicos se baseia no inchaço da pele após a morte, seguindo  o padrão do tecido muscular, o que poderia fazer com que os cortes abdominais parecessem geométricos e padronizados como ação de seres inteligentes. Cientistas também explicam que a falta dos olhos está relacionada à ação das moscas, que entram nos corpos a partir destes órgãos;
6. Uma pesquisa foi realizada a fim de evidenciar as diferenças entre os famosos cortes cirúrgicos e os cortes naturais feitos pelos predadores naturais. Os estudos apontam que realmente há uma diferença muito grande entre as duas intervenções. Muitos fazendeiros têm contestado as fontes que afirmam causas naturais das mortes do gado. Eles alegam que os animais estavam saudáveis e presos em lugares cujos predadores não poderiam chegar. Em alguns casos, eles declaram que os animais mortos eram os mais fortes e produtivos da manada.

Apontamentos sobre as explicações de ações humanas...
1. Um dos apontamentos estudados ultimamente diz respeito às mutilações como, nada mais, nada menos, que intervenção humana. Seriam pessoas que, estranhamente, buscariam a crueldade animal na busca de prazer ou desejo de criação de mitos na mídia. Esta é uma hipótese muito atacada por especialistas em fenômenos paranormais e ocultismo;

2. Ataques contra animais por puro prazer sempre aconteceram na nossa sociedade, infelizmente. Entretanto, as vítimas, em geral, são animais domésticos – cães, gatos, coelhos, passarinhos etc. – e não animais maiores como cavalos, bois, ovelhas etc. Psicólogos apontam que sociopatas tendem a iniciar seus ataques, ainda quando crianças, contra seus animais domésticos;

3. Os relatórios do FBI não apontam a mutilação de gado dentro da categoria de crueldade humana, uma vez que dominar um boi e fazer tantas intervenções “cirúrgicas” demandaria a atuação rápida de, pelo menos, quatro pessoas – trabalhando em extremo silêncio;

4. Outro ponto muito comentado tem sido que a mutilação de gado possa fazer parte de algum culto ainda desconhecido, de alguma seita. Esta tem sido uma hipótese que foge dos dois padrões mais comentados: ataque de predadores e desvio social de seres humanos buscando prazer em pura crueldade;

5. As crenças envolvendo culto – satânico ou não – podem variar e incluem: a falta de sangue no local pode ser resposta ao ato de colhê-lo, a falta de órgãos como sendo parte de um outro ritual realizado em outro local e as vacas mortas e que estavam grávidas tiveram seus bezerros recolhidos da mesma maneira que os demais órgãos;

6. Nos anos 80, houve um verdadeiro surto evangélico em determinadas áreas dos Estados Unidos onde os casos de mutilação de gado ocorriam, uma vez que alguns pastores disseram tratar-se de um indício do apocalipse bíblico, o primeiro passo para sacrifícios humanos, levando a uma histeria coletiva em algumas comunidades rurais. Investigações oficiais não conseguiram fazer conexão entre seitas e os ocorridos;

7. Em outubro de 1975, dois guardas florestais de Idaho afirmaram à justiça que viram um grupo de umas 15 pessoas vestindo roupas escuras, à noite, circulando pela floresta. No dia seguinte, foram encontrados dois cavalos mutilados em uma área próxima ao local. O fato é que muitos autores e investigadores trabalham nesta hipótese de cultos;

8. Nos anos 70 e 80 houve uma verdadeira febre de troca de sentenças de presidiários por liberdade condicional ou diminuição de suas penas. Houve muita mentira nesta relação entre a mutilação de gado e ação de grupos satanistas ou psicopatas sociais. Foi por este motivo que se perpetuou esta linha de investigação, deixando de lado as estranhas evidências físico-químicas;

9. A explicação mais estranha da mutilação de gado surgiu em 1981, quando apontaram que os ocorridos teriam acontecido pelas mãos de ex-veteranos da Guerra do Vietnã, em choque, reproduzindo nos animais o que teriam visto em sessões de tortura na Ásia.


Apontamentos sobre as explicações incomuns...
1. Em 1997, o escritor Charles Oliphant escreveu um livro lançando a hipótese de a mutilação de gado ser o resultado de uma pesquisa secreta sobre uma possível doença bovina que poderia ser transmitida para seres humanos. O autor aponta como suspeita os produtos químicos encontrados nas necropsiais, além dos órgãos retirados, que são importantes meios de transmissão e incubação de vírus e bactérias;

2. Em 1976, com os casos de mutilações em fazendas do Utah, fazendeiros começaram a fazer patrulhas armadas em bosques. Eles alegam terem visto por duas vezes helicópteros do exército sobrevoando essas áreas de suas propriedades. Nessas duas ocasiões apareceram cavalos e vacas mutiladas;

3. O bioquímico Colm Keller defende a versão de que a mutilação de gado tenha sido a tentativa do governo norte-americano de tentar estudar e evitar a disseminação da doença conhecida popularmente como “vaca louca”;

4. As teorias do envolvimento do governo americano nos casos de mutilações aumentaram com o aparecimento de soldados e helicópteros nas áreas dos ocorridos, mesmo antes dos relatos oficiais. Em 1974, dois helicópteros sem identificação abriram fogo contra Robert Smith Jr., proprietário de uma fazenda atacada pelo fenômeno, e que foi à imprensa exigindo informações das autoridades. Em 1979, 15 vacas no Novo México foram encontradas mortas após a aparição de alguns helicópteros do exército;

5. Alguns especialistas apontam que os helicópteros são usados para “desovar” os cadáveres nas propriedades depois dos estudos. Por isso não há vestígios de ação no local, como restos de sangue ou partes cortadas de órgãos;

6. Várias hipóteses sugerem que as mutilações são obra de entidades alienígenas na busca de material genético da Terra, além da premissa de que seres humanos não poderiam fazer as dissecações em um espaço de tempo tão curto, sem deixar sujeira e rastro para trás. É por isso que a mutilação de gado acabou entrando para um novo ramo de estudo da ufologia. Alguns ufólogos entendem que a carne bovina faça parte da cadeia alimentar humana e, por isso, os aliens estariam interessados em entender a nossa dieta;

7. O estudo mais louco foi publicado em 1999 pelo ufólogo Phillip Duke, intitulado “A conexão Aids-ET’s”. Segundo ele, os extraterrestres estariam vindo à Terra para estudar ou incubar o vírus HIV de maneira sistemática através destas mutilações. Para Duke, a remoção de genitais e ânus de bovinos mostra o meio mais comum de transmissão do HIV e, portanto, o possível interesse da doença em mamíferos. Para sustentar sua hipótese, Duke aponta os estudos que afirmam que os cromossomos dos mamíferos são muito parecidos, além de apontar a antiga pesquisa em cavalos para entender o tétano nos seres humanos. Esta hipótese acaba se tornando inconsistente, uma vez que os cientistas entendem o surgimento da Aids como uma doença de primatas africanos, uma zoonose que passou para o homem por ter estrutura de DNA parecida com a dos macacos.



A questão da mutilação de gado continua controversa há mais de 40 anos e tem se tornado um importante nicho de pesquisas no meio ufológico. Muitos pesquisadores têm escrito artigos ou livros, ainda sem tradução oficial para o idioma português. O mais importante é sabermos que ainda não é possível identificarmos como fato ou farsa.