quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Lobotomia: a estranha “arte” de um cérebro e duas mentes

Nos anos 60, Roger Sperry e Michael Gazzaniga estudaram pacientes que foram submetidos a uma cirurgia onde seus cérebros eram cortados ao meio.

Esse procedimento ocorreria quando o Corpo Caloso – parte que conecta as duas metades do cérebro – era separado. Essa área cerebral é o local onde as informações dos lados opostos do nosso corpo são trocadas.

Através de exames usando pacientes com o cérebro exposto (não dói nada; apesar de tudo o que sentimos ser processado no cérebro, ele em si não sente dor, não existem receptores de dor para receber a informação de que o cérebro sofreu algum dano. Quando a cabeça dói, são receptores de dor localizados na própria cabeça que recebem tal informação, por isso refere-se 'dor de cabeça' e não 'dor de cérebro', fato que possibilita neurocirurgiões realizarem cirurgias cerebrais complexas com o paciente consciente), Sperry e Gazzaniga conseguiram rastrear tarefas e imagens de cada hemisfério (metade) separadamente.

Eles descobriram que fotos mostradas para um lado seriam intrigantes para o lado que não tinha visto tais imagens. Quando aprendemos uma nova tarefa, a mão controlada pelo lado treinado poderia, às vezes, corrigir a mão oposta quando ela cometesse um engano.

Um paciente chamado ''P.S.'' (abreviação usada para proteger a identidade do paciente) mostrava a rara habilidade de responder perguntas diferentemente com cada hemisfério como se duas mentes conscientes coexistissem em seu cérebro.

Enquanto o lado esquerdo é ''analítico'' e o direito é ''artístico''; imagens funcionais mostram que tarefas especializadas mobilizam sinapses (conexões entre os neurônios para transmitir a mensagem adiante) em todo o cérebro.



Cada parte pode também compensar a outra: pacientes jovens que tiveram um dos lados do cérebro completamente removidos (a famosa lobotomia, cirurgia em que se retira partes do cérebro, usada para ajudar pacientes portadores de alguns tipos de epilepsia a controlarem as convulsões) podem se adaptar e chegar à idade adulta com poucas deficiências.

Pacientes portadores de hiperatividade e déficit de atenção, em geral, possuem o Lobo Frontal mais 'fino' e têm suas conexões 'adotadas' por outras regiões cerebrais, sendo, invariavelmente, portadoras também de alto Q.I., em média.

As duas metades do nosso cérebro são como um casal, podem até agir independentemente, mas com boa comunicação (sinapses) podem trabalhar perfeitamente juntas.