Apartir de 24 de janeiro, uma nova temporada de Arquivo-X, uma das séries mais duradouras da televisão, estreia na FOX. Na atração, os agentes do FBI Mulder e Scully entram em conflito com o governo federal, abordando, entre outros assuntos, o conhecimento oculto sobre a vida extraterrestre.
Dadas a popularidade da série e a tenacidade das teorias de conspiração sobre OVNIs, em geral, não é surpreendente que o arquivo mais visto através do FOIA (Freedom of Information Act) na biblioteca do FBI seja o que alguns acreditam ser o Arquivo-X da vida real. Conhecido como “Memo Hottel”, ele já foi acessado e visualizado mais de 1 milhão de vezes desde 2011.
O memorando nada mais é do que uma única página que detalha um relatório vago sobre UFOs recuperados, datado de março de 1950, três anos após o famoso incidente de Roswell. Ele foi apresentado pelo agente do FBI Guy Hottel, que, na época, era o chefe do escritório de campo de Washington. Seu documento menciona um investigador da Força Aérea que afirmou ter recuperado três discos voadores com a tripulação intacta.
Ainda segundo o relatório, as naves teriam sido encontradas no Novo México, e o investigador descreve a cena como algo saído de um filme B: elas eram “de forma circular, com o centro alto e cerca de 15 metros de diâmetro”.
Há também o perfil dos membros da tripulação: corpos de forma humana, mas com menos de 1 metro de altura, vestidos com tecido metálico de uma textura muito fina. Suas roupas eram semelhantes às usadas por pilotos de velocidade.
Arquivo mais acessado da biblioteca do FBI
Especula-se no texto que a nave tenha sido abatida depois que um radar militar de alta potência interferiu nos controles dos UFOs. Porém, não está claro como eles chegaram a esta conclusão.
Tal como acontece com todos os memorandos da instituição, o relatório Hottel foi encaminhado diretamente ao diretor J. Edgar Hoover, o criador do FBI. Após as alegações do investigador da Força Aérea, o registro termina apenas com uma linha curta, afirmando que o arquivo ainda não havia sido analisado.
Apesar de o documento originalmente ter sido disponibilizado ao público na década de 1970, quando o físico da Marinha Bruce Maccabbe ganhou o acesso a ele através do “Freedom of Information”, o “Memo Hottel” não ganhou relevância até 2011, quando foi adicionado ao arquivo público do FBI online. Desde então, meios de comunicação passaram a usá-lo como evidência de que a entidade estaria envolvida com UFOs.
Depois de muitas teorias e comentários sobre o memorando, o FBI publicou uma nota para pôr fim às especulações. Eles observam que o relatório é apenas uma reivindicação e que nem sequer houve preocupação em investigar o caso. Qualquer conexão com o incidente Roswell também é descartada.
Se as explicações do FBI desdenham o registro, qual seria a verdadeira origem do “Memo Hottel”? De acordo com alguns céticos, ele teria surgido de um vigarista chamado Silas Newton. Lendo os arquivos do próprio FBI sobre Newton, ele alegava ter visto UFOs acidentados, além de tentar vender uma engenhoca que poderia localizar depósitos subterrâneos de petróleo.
Esta versão da história pode desbancar o memorando, já que afirma que Newton contou a história das naves a um radialista, que, em seguida, a relatou a vários moradores, que retransmitiram para um repórter, que, por fim, publicou o evento no jornal da cidade de Kansas, o “Wyandotte Echo”. Através da matéria é que o investigador da Força Aérea teria descoberto o suposto ocorrido e, finalmente, o denunciado à Hottel. No entanto, as autoridades não fazem uma conexão direta entre o vigarista e o documento.
Em retrospecto, o documento parece ser um memorando interdepartamental que só existiu para narrar uma história não genuína sobre extraterrestres. Tal como acontece com outros relatórios UFO, o que pode ser creditado como a verdadeira história de extraterrestres na Terra pode ser nada mais do que o resultado de um gigantesco boato.
Mesmo assim, o “Memo Hottel” continua a ser o arquivo mais visto no site, batendo o relatório real de Roswell, em grande parte graças à atenção da mídia, que publica histórias sobre o caso.