Grimoire, ou grimórios, eram coleções de feitiços, instruções sobre como criar objetos mágicos, e guias de convocação de demônios, anjos e espíritos. Eles freqüentemente continham diagramas astrológicos, listas de entidades místicas, e até mesmo instruções para medicamentos e mistura. Enquanto na sociedade moderna o termo “grimoire” passou a abranger qualquer tipo de coleção de magia, grimoire autênticos foram baseados nas tradições mágicas de judeus, muçulmanos , rituais cristãos medievais e textos.
Os Grimórios, em geral, livros pequenos, handbooks, são fontes inevitáveis no estudo das origens da magia. Em grande parte, senão maioria, são cópias de cópias, é fato, porém datadas dos séculos XIV e XV.
A maior coleção de grimórios que se conhece, são manuscritos sobre pergaminho, do acervo da Biblioteca do Arsenal, em Paris. Estes manuscritos têm sido copiados pelos historiadores e estudantes de bruxaria, principalmente do século XIX em diante.
Os grimórios que circularam durante a Idade Média, geralmente eram livrinhos cheios de ilustrações simbólicas, mas que continham prescrições e ladainhas satânicas.
Uma pessoa lúcida, ao ler essas páginas negras, precisa - 1. Conhecer os fundamentos para separar crenças infundadas de conhecimento lógico. 2. Como bem recomenda Papus, o magista é uma pessoa contemporânea; não vive em uma circunstância do passado que não existe mais. É necessário saber ADAPTAR! os rituais e materiais.
Lembrem-se que, a magia, os encantos, a neccromancia, os pactos obscuros, os sacrifíos rituais e os Grimórios, não livraram uma horda de pessoas de terminarem seus dias no fogo da Inquisição quando convinha aos poderes políticos de determinados lugares e épocas. A fogueira e as torturas, sob a batuta de autoridades eclesiásticas, serviram, em muito, para exterminar desafetos em intrigas e mesmo personagens proeminentes, quando se tornavam incômodos. Nesse contexto, a apreensão de um velho Grimório em poder de um acusado constituia uma evidência mais que suficiente de associação com o demônio e sua coorte profana.
Eis, alguns, dentre os vários Grimórios que jazem mergulhados e ocultos nas areias do tempo:
A Chave de Salomão, é um dos grimórios mais famosos, importantes e influentes de todos os tempos. Enquanto ele afirma ter se originado com o rei Salomão, que remonta ao Renascimento do século 14 ou 15 italiano. Ela inspirou muitos outros grimórios como A Chave Menor de Salomão. Os encantamentos e feitiços contidos foram consideravelmente poderoso. Antes que pudessem ser realizados o mago teria de confessar seus pecados e ser purgado do mal, assim, invocando a proteção de Deus. O texto inclui instruções para conjurações, as invocações e maldições para convocar e controlar os espíritos dos mortos e demônios. Além disso, detalhes de todos os rituais de purificação diferentes, roupas especiais, e instrumentos místicos que precisam ser utilizados durante as práticas.
O Grande Grimório, é um livro de magia negra que alega ter sido escrito em 1522, mas pode ter se originado a partir do século 18. É considerado o grimoire mais maligno e perigoso que existe. O texto tem um propósito sinistro: a convocação de Lúcifer ou Rofocale Lucifuge (o demônio encarregado do governo do Inferno), a fim de fazer um pacto com o diabo. Ele também contém uma hierarquia de espíritos infernais. Mas, além da convocação de demônios, ele contém um grande número de feitiços, fórmulas e segredos. Estes incluem feitiços para fazer as pessoas dançar completamente nuas e invisibilidade. Mas esteja avisado! O Grimoire é considerado tão atroz que os magos até mesmo experientes e praticantes do ocultismo alertam contra ela.
Circulou também o “Grimório de Honorius, o Grande", O polêmico Grimório do Papa Honórius III - O Grande. Os ensinamentos de Magia Negra deixados pelo Pontífice, ou melhor, pelo anti-papa Honórius, escritos por volta do ano de 1200, revelam que ele realmente conseguiu alcançar o mais elevado posto dentro da Igreja Católica, por meio da mais vil necromancia.
Acredita-se que O Grimório do Dragão Negro seja um dos Grimórios mais raros e procurados pelos estudantes do Oculto, e que possivelmente ele tenha sido escrito em 1522, ou ainda no Séc. XIII pelo próprio Papa Honório. O desejo obsessivo de possuir o inatingível enriquecem a tradição deste Grimoire. Um trabalho verdadeiramente infernal, que contém ambos: trabalhos espirituais e um sistema operacional claro, também é um compêndio de feitiços eminentemente práticas e feitiços contrários. Além disso, os selos e os textos originais foram mantidos o mais fielmente a versão original em Francês Arcaico.
Outro grimório super famoso é o chamado Os Segredos do Inferno, copiado de um manuscrito do século XVI. Este tornou-se um clássico da literatura infernal. Contém a grande Chave dos Pactos para dominar os Espíritos, O segredo para falar com os mortos, a cabala para ganhar na loteria e a magia para descobrir os tesouros ocultos. Contém também os Responsos ao Revés para fazer devolver as coisas roubadas, e castigar a quem nos deseja o mal ou nos ocasionou algum dano ou prejuízo.
O "Enchiridion Leonis Papae", ou seja, "Manual do Papa Leão", que contém orações misteriosas, supostamente enviadas pelo Papa Leão, como presente ao Imperador Carlos Magno. Foi para Carlos Magno que o Papa leão III organizou este Grimório, para garantir o seu poder temporal na Terra sob todos os homens, todas as mulheres e todas as riquezas!
Enfim, deixei para o final um que me é muito especial, O GRANDE E O PEQUENO ALBERTO (Os Segredos da Magia Natural e Cabalística),
Também chamado de Os Admiráveis Segredos de Alberto, o Grande, o título reflete a essência deste grimório, que é oferecer segredos e processos que, se colocados em prática, conferem enorme poder!
Alberto de Lauingen, figura lendária do século XIII, honrado com o título de GRANDE pelos intelectuais de seu tempo, terá sido o autor da primeira parte deste livro – “O GRANDE ALBERTO, COLETÃNEA DE TEXTOS FAMOSOS DE ALQUIMIA E MAGIA”. Por outro lado, O PEQUENO ALBERTO, compilação de receitas e de fragmentos de tratados, é atribuído a Alberto Parvus Lucius e teve a sua primeira edição no século XVIII.
Inicialmente publicados em separado, vieram os dois textos a aparecer reunidos a partir de meados do século XIX, constituindo desde então uma obra base na introdução ao espírito medieval de práticas e receituários mágicos.
Um exemplar publicado em 1668 , em Lion, possui ilustrações de figuras necromanticas, talismãs e pentáculos que não são encontrados em nenhuma outra edição ou obra ocultista popular.
Envolto sem aura de clandestinidade, O Pequeno Alberto e o Grande Alberto freqüentemente apareceram em volumes sem qualquer referência ao editor ou impressor, lugar de origem. Algumas edições são inofensivas, evidentemente “Magia de pastores”; outras, porém, se diante de mentes profanas, de obtusos que não galgaram a senda iniciática, podem ser mortalmente perigosas.
Para finalizar, reproduzimos um trecho de apresentação no Grimório do Dragão Negro, para que lhe sirva de alerta:
"Este livro é a ciência do bem e do mal. Que você saiba leitor jovem ou velho, rico ou pobre, feliz ou infeliz, se o seu coração está atormentado pela avareza, jogue-o (o livro) ao fogo, senão ele será para você a fonte de todos os males, a causa de sua ruína total. Se, ao contrário, você possuir a fé, a esperança e a caridade, então guarde-o como mais precioso tesouro do universo. Assim eu lhe advirto, você é livre em suas ações, apenas não se esqueça que uma conta severa lhe será enviada, pelo uso que você terá feito dos tesouros que coloco a sua disposição. Quanto a mim, servo de Deus, eu declino de toda a responsabilidade, não escrevi este livro, senão para o bem da humanidade."
E ainda: "Não leia este livro à noite da 1 às 3 e das 7 às 9 nem à meia noite."