terça-feira, 4 de abril de 2017

Jovem desaparecido no Acre deixou 14 livros criptografados escritos à mão


Bruno Borges, um estudante de psicologia de 24 anos, está desaparecido desde o dia 27 de fevereiro em Rio Branco.


No entanto, sua mãe, a psicóloga Denise Borges, acredita que há uma série de razões para que este não seja considerado um caso comum de desaparecimento. Segundo ela, tudo começou após um almoço em família, que ocorreu no dia do desaparecimento do rapaz. Na ocasião, quando o evento havia terminado, todos seguiram para suas rotinas de trabalho e Bruno voltou para casa. No entanto, quando mais tarde o pai chegou em casa, notou que o jovem não estava lá.


O mistério envolvendo o desaparecimento de Bruno, que é investigado pela Polícia Civil do Acre, ganhou repercussão após um vídeo gravado sem a autorização da família viralizar na internet. Em seu quarto, e atrás da porta, Bruno mantinha uma valiosa estátua (R$ 7 mil) de um filósofo chamado Giordano Bruno (1548-1600), o qual admirava. A família não soube explicar quando e como ele conseguiu colocar a estátua na casa, mas assume que a aquisição era recente. Ainda, em seu cômodo, ele dispôs um total de 14 livros bem organizados e escritos à mão – alguns dos quais metodicamente copiados nas paredes, teto e chão – todos identificados por números romanos (criptografados).


Os escritos feitos por ele foram produzidos de maneira impecável e em perfeita simetria. Junto às letras foram desenhados símbolos por todo o cômodo e também ao redor da estátua. Curiosamente, ele mantinha em seu quarto um quadro em que é retratado sendo tocado por extraterrestres, revelando o interesse do jovem pelo assunto. A mãe contou que em 2012, Bruno havia comentado sobre um projeto em que estava trabalhando e para o qual precisava de dinheiro. No entanto, porque o rapaz não quis lhe contar mais sobre o assunto, lhe negou ajuda. Segundo ela, tudo o que lhe foi dito é que estava trabalhando na produção de 14 livros que iriam mudar a humanidade para melhor.


Orientada por um médico, ela não interferiu no assunto e permitiu que ele seguisse em frente com a ideia, uma vez que havia conseguido dinheiro (R$ 20 mil) para custear o trabalho com a ajuda de um primo. Segundo ela, eventualmente, Bruno teria pedido que lesse um dos livros – um que fornecia uma teoria que tinha intenção de patentear. Então, após ler três vezes para tentar assimilar a ideia, a psicóloga finalmente conseguiu entender o que era proposto, afirmando que a teoria era perfeita e que nunca tinha visto nada igual.


Quando viralizou na internet, o sumiço do rapaz começou a levantar uma série de teorias da conspiração. Uma delas destacava a semelhança entre Bruno e Giordano, com quem compartilha o mesmo nome. Outra sugeria que o jovem teria desaparecido para terminar as obras do filósofo, que foram interrompidas por sua morte durante a Inquisição. Por outro lado, a mãe, que afirma que o filho não tem problemas psicológicos, disse ter começado a entendê-lo apenas após o seu sumiço – o qual ela considera mais como um “exílio” e parte dos planos do rapaz, embora esteja preocupada com alimentação e bem-estar dele.

Segundo ela, o fato de ele ter se fechado para o mundo e se voltado para as ideias ocorreu porque tinha medo de ser julgado ou internado. Ainda, como teria tentado patentear sua obra (sem sucesso), transformou-a em uma linguagem própria a qual somente uma pessoa com grande inteligência poderia decifrar. Agora, a família está em busca desta pessoa para ajudar a decifrar os livros.

Giordano Bruno


Nascido em 1548, em Nola, na Itália, Giordano foi um filósofo, teólogo e escritor interessado em cosmologia, física, magia e na arte da memória. Dentre suas crenças, Giordano defendia que o Universo era algo infinito e que estava em constante transformação. Considerava também a existência de um Deus infinito, imanente, transcendente e sem contradições.

Segundo ele, o Universo era vivo e conduzido pela mesma lei, e Deus estava em todas as suas partes. Sendo assim, cabia à humanidade adorá-lo sem questionamento. Acusado de heresia por suas ideias, em 1600 foi queimado até a morte em uma fogueira em Roma.